7 de agosto de 2012

Não tenho medo de nada, eu acho. Talvez dela perceber que, na verdade, eu sou um fraco. Sabe, cara, eu convivo diariamente com essa sensação de que ela merece alguém melhor, capaz de protegê-la de verdade, dar-lhe um centro, uma vida, talvez uma família. Ela jamais ouvirá da minha boca, mas eu não me acho suficiente. É isso, meu medo é que ela descubra sozinha. Acho que tenho medo mesmo é dela inteira, mais do que, sei lá, de assalto ou de avião. O que é estranho, porque ela é tão pequenina e delicada e inofensiva. Ela tem uma bunda maravilhosa. Mas, sério. Eu gosto quando ela adormece no sofá e depois faz manha para ir deitar na cama. Aí eu a pego no colo, tiro cada peça de roupa, exceto a calcinha e as meias. Ela sente frio nos pés, até no verão. Não sei, eu me sinto poderoso e acolhedor. Então ela pede que eu a abrace de conchinha, ao menos até pegar no sono. Cara, eu odeio dormir de conchinha, detesto aqueles fios soltos de cabelo pinicando meu nariz. Mas adoro o cheiro que ela tem na nuca e ficar colado naquela bunda. Não sei como resolver isso. E se nesse tempo ela conhecer outro? Azar, que se foda. Eu vou até lá. O apartamento também é meu. Sei que estou sendo contraditório, mas como não ser? Eu amo ela. É a minha garota e pronto. Não tem como fugir disso. Eu disse que precisava de espaço, ganhei o espaço e agora estou ouvindo os ecos da minha própria voz gritando o nome dela. Bonito isso que eu disse, né? Tem papel e caneta? Quero anotar pra ter o que dizer quando chegar lá. - (Gabito Nunes)

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