1 de dezembro de 2011


Perto do meio-dia, Cazuza me chamou e disse:
–Mamãe, estou morrendo…
Um vulcão de autoridade surgiu dentro de mim, enquanto lhe dizia que parasse com aquela conversa ridícula. Indignada, ia lhe dizendo que não devíamos falar sobre isso, aliás, como havíamos combinado há tempos. E ele, procurando me acalmar, tentava levantar os braços magros, fechava e abria os olhos fundos, até que parei para ouvir:
– Porra, mãe, eu tô morrendo é de fome. O que tem pra rangar?
Comecei a rir. E como se um bálsamo lavasse minha alma, olhei para ele pensando no quanto eu o admirava, em quanto seu espírito de moleque se conservou na idade adulta e que o mais adorável lado de sua personalidade se manifestava em situações tão adversas.
"
— Lucinha Araújo in Só as mães são felizes.

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