31 de maio de 2011

São delicados e sutis os fios da harmonia. Ela é aquele sorriso por dentro, uma sensação gostosa de estar no lugar certo.  É feito um arco-íris depois da tempestade. É um adestramento dos fantasmas internos. A possibilidade de aprimorar os pensamentos. É quase como não pensar. Simplesmente, sentimos uma ligação profunda com tudo, um denso bem-estar. Como se tivéssemos uma secreta intimidade com o mundo, certa cumplicidade com o tempo. A harmonia é uma descontração. Como se o coração batesse pelo corpo todo, ao mesmo tempo uma tranquilidade dilatada no peito. E o mundo inteiro cabendo num abraço. Uma confiança que preenche a existência. E o tempo do dia não é mais composto por esperas, ele é vivido. E já não se fala, palavras passeiam pela boca. E já não se escreve, as frases coreografam as paisagens. E já não se ama, o amor vigora em nós. E o chão do sonho é macio. E a poesia não deseja mais ser nada, vira o afago de um momento. E nas letras a textura de um veludo, como se ao correr pela página, os olhos pudessem ser acariciados. E você tem todas as coisas sem precisar tomar posse delas. Você ama o amor, não o delírio de estar apaixonado. Sinto a harmonia como uma espécie de fascínio pela vida. É quase uma perda de outros apetites, porque se está tão nutrido pela própria companhia. E a gente tem aquela vontade súbita de andar pela noite: não apenas para olhar as estrelas, mas também para por elas sermos vistos.
Ana Jácomo

" Me leva pra você. Some comigo no mundo . Me coloca pra dormir e só deixa eu acordar se for do seu lado.Não me deixa nunca mais. "
Tati B.

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